A festa já é tradição na cidade há 28 anos
Quem passou pelo Cruzeiro Velho na tarde desta quinta-feira (31/12), último dia
do ano, não pôde deixar de notar uma irreverente partida de futebol no conjunto F da quadra 8. Homens de todas as idades reservaram a data para o famoso e tradicional "Piranhão", como é chamado o campeonato de futebol onde só participam os homens que estiverem vestidos de mulher. Na torcida, os filhos, amigos, esposas e namoradas. Cerca de 800 pessoas estavam no local até por volta das 16h, quando muita gente ainda chegava para participar.
Ao certo há 28 anos a divertida pelada acontece, . Manuel Pedro dos Santos, de 78 anos, chegou no Cruzeiro há 31 anos e, há 28, é o organizador da comemoração de fim de ano. Ele
deu o fôlego à festa e a tornou tradição na cidade.
Seu Manuel conta com orgulho que ajudou a pintar o asfalto onde o jogo acontece,
colocar areia para a garotada e lembra até das árvores que plantou no lugar.
“Está vendo o tamanho desse pé de jaca? Fui eu que plantei. Esse pé e a maioria
dos outros”, diz. Segundo ele, alguns moradores do Cruzeiro não gostam muito da
festa, por causa do barulho e do movimento. “Para mim, essas pessoas não têm
prazer em viver. Isso é uma festa”.
A brincadeira começou às 13h e deve ir até as 19h. O time vencedor e os que
ficarem em segundo e terceiro lugar receberão troféus e medalhas. O homem mais
bem caracterizado receberá um prêmio-surpresa. Os organizadores adiantaram que
há uma televisão LCD de 42 polegadas, conseguida com dinheiro de doação da
comunidade.
Dona Teresinha entra na brincadeira: "Tenho orgulho do meu filho"
Tradição
Na partida de futebol, o jogo era o que menos interessava. A diversão é observar
as roupas dos jogadores, nem sempre alinhadas e em sintonia. Valiam meias
rendadas, vestidos das esposas, namoradas, irmãs e até das mães.
José Dias, 43 anos, é um dos organizadores do evento, junto com seu Manuel.
Estava impecável, com direito a peruca "black power" e maquiagem combinando com
a roupa. “Isso é uma brincadeira. Tem amigos meus que hoje moram em outro lugar
e fazem questão de comemorar o ano-novo com a gente”, diz.
Sua mãe, dona Teresinha Dias das Chagas, 69, não se importa com os trajes do
filho. “Você não acha que eu tenho que ter orgulho de um filho desse?”. A
esposa, Cláudia, garante: “Ele é homem mesmo, não me importo”.